Casa toblerone

Julia Maretto Julia Maretto
Toblerone House, Studio MK27 Studio MK27 Modern Houses
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A simplicidade dos traços é fundamental na arquitetura de Marcio Kogan. Um dos grandes nomes da arquitetura brasileira contemporânea, o arquiteto surpreende com sua arquitetura conceitual e programática. Uma simplicidade estrutural que joga com volumes cheios e vazios e ganha uma visualidade expressiva impressionante. 

Uma casa de dois andares separados por uma lage de concreto. O piso inferior é livre e sustenta a caixa de madeira do piso superior apenas com enormes portas de vidro deslizantes. No térreo encontramos o programa social: sala, serviços e cozinha. No segundo andar, três quartos, sala de estudos e home theater

Linhas aparentemente muito simplista, mas que formam uma estética detalhada e espaços complexos em termos arquitetônicos. 

A arquitetura e interiores são assinadas por Marcio Kogan e Diana Radomysler do Studio MK27. Créditos das fotos de Nelson Kon. Confira essa simplicidade absurda e profunda!

Casa sobre pilotis

A casa tem como conceito base o vão livre. Assim, um volume longitudinal com portas de vidro de correr sustentam uma construção superior por 14 pilastras organizadas em duas linhas paralelas. Ambos os pisos podem ser completamente abertos para integrarem-se ao jardim e à vista longilínea. Os pilares redondos representam os famosos pilotis. A palavra pilotis, de origem francesa, significa palafita. Em arquitetura, representa um sistema construtivo, uma grelha de pilares que sustentam uma edificação. O mestre Le Corbusier introduziu o conceito como um de seus 5 pontos para uma nova arquitetura. 

Permeabilidade espacial

Márcio Kogan é o fundador do escritório de arquitetura MK27. Kogan é membro honorário do AIA (American Institute of Architects) e premiado internacionalmente pelos mais renomados institutos de arquitetura. Localizado em São Paulo, o escritório atualmente é composto por uma talentosa equipe de 29 arquitetos e vários colaboradores. Os projetos da MK27 destacam-se pela concepção formal e pela força estética e espacial. 

Para conhecer outros projetos desse talentosíssimo arquiteto, clique aqui.

Espaços livres

Inspirado no sistema corbusiano Domino, a manifesta o pavimento térreo é um espaço livre que se conecta com seus arredores por todos os lados. Cada detalhe é pensado profundamente, como os painéis de madeira em pequenos formatos de triângulo, como veremos algumas fotos mais à frente.  

Durante o dia

Essa é a visão da casa durante o dia e com os painéis de madeira fechados. Placas de concreto parecem mesmo flutuar no ar e abrir-se para o espaço de forma tão leve. É quase difícil de acreditar como uma casa gigante como essa pode sustentar-se apenas sobre portas de vidro. A textura dos painéis de madeira contribuem para a estética da leveza, amenizando a dureza do concreto. As palavras que expressam essa leveza: permeabilidade espacial.

Visão lateral

A organização da planta revela características fundamentais do projeto arquitetônico: soluções para o conforto ambiental. A simplicidade da técnica só pode ser alcançada com muita maestria. E essa casa é um belo exemplo: no térreo, a ventilação cruzada é responsável pelo excepcional conforto térmico. O uso cotidiano é paradigma elementar desse tipo de arquitetura na qual o concreto se molda aos ambientes e à vida dos moradores. 

Interior da sala

A decoração dos interiores também é de primeira linha e segue um conceito minimalista, onde o simples torna-se o padrão máximo de eficiência a ser atingido. Os móveis, cores e objetos aquecem o ambiente tornando-o acolhedor, mesmo que aberto, privado e pessoal, mesmo que expansível e mega dimensional. A sala de estar foi delimitada por um grande tapete em cor clara sobre o piso de madeira. Ao fundo, a mesa de jantar. 

Interiores

O escritório no piso térreo foi integrado à sala e é delineado por uma estante comprida. Descolada de qualquer outro elemento, ela não pesa o ambiente. O divide, porém sempre mantendo a permeabilidade. O escritório conecta-se, ainda com o pátio dos fundos com um paisagismo ímpar e jabuticabeiras encantadoras.

A integração espacial

Até a escada parece estar enquadrada como uma obra de arte e dá a impressão de não estar presa a nada. A iluminação também tem um papel importante para exaltar e criar a perfeita atmosfera para toda essa leveza abundante. 

Quarto com janelas toblerone

O piso superior comporta o quarto e o banheiro da suíte principal e se abrem para uma laje de concreto minimalista:  a varanda com vista para as copas das árvores. Mais um espaço livre e aberto que o arquiteto presenteia aos moradores.

A casa é de concreto, mas dialoga o tempo todo com o local onde foi construída. Os painéis de madeira que envolvem o piso superior, por exemplo, quebram a frieza dos outros materiais com sua organicidade. Ao mesmo tempo, servem para filtrar a quantidade de raios solares que incidem nos quartos, sem barrá-los totalmente. Cada ripa de madeira do chamado brise-soleil é triangular. E é daí que vem o nome da casa: as janelas remetem ao formato do chocolate Toblerone, como podemos observar nessa foto. Suas portas-camarão podem ser abertas de acordo com a vontade e necessidade do morador, criando vários ambientes e cenários. 

Exterior encontra interior

A varanda, um prolongamento harmonioso da sala, também que prolonga a sala, torna-se mais um espaço que se mistura com a natureza dos jardins e conecta a vida interior com a área exterior da casa em um único espaço contínuo. 

Local de contemplação

Nessa foto revelamos com mais detalhes o espaço de convivência onde foi instalada uma lareira externa com formato super moderno. E é nesse espaço de contemplação e meditação que terminamos nossa visita a esse maravilhoso projeto. Um convite à novas conexão com nosso entorno e uma abertura para novas perspectivas. Um ícone da arquitetura brasileira contemporânea. 

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